Publicado por Rafael Resende
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Quando um amigo está pensando em suicídio

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A cada 40 segundos, alguém, em algum lugar do mundo, morre por suicídio. Pessoas com depressão grave frequentemente têm pensamentos sobre colocar um fim em sua própria vida. Para quem tem um amigo, um familiar ou qualquer pessoa querida nessa situação, entrar em contato com tais pensamentos pode ser angustiante, mas algumas informações nos ajudam a saber como lidar e o que fazer.

Em primeiro lugar: suicídios são preveníveis. E isso exige, em grande parte, falar sobre suicídio. Existe um mito de que perguntar a respeito de pensamentos de morte poderia incentivar uma tentativa de suicídio, mas hoje está claro que isso reduz a ansiedade e ajuda as pessoas a se sentirem compreendidas.

Existem sinais de alerta de que uma pessoa possa estar pensando seriamente em suicídio. Devemos ficar atentos quando alguém diz frases como “ninguém vai sentir minha falta quando eu for embora”; ou quando procura formas de se matar, buscando na internet a respeito; ou quando começa a se despedir de parentes e amigos, a se desfazer de bens valiosos ou a escrever um testamento ou carta de despedida; ou mesmo quando ameaça claramente que vai se matar.

Também é importante considerar quem tem maior risco de suicídio. Por exemplo, quem já tentou tirar a própria vida anteriormente; quem está deprimido ou tem problemas com a bebida ou outras drogas; quem está sofrendo com um estresse emocional intenso, como após o término de um relacionamento ou a morte de uma pessoa próxima; quem tem algum quadro crônico de dor ou doença física; quem foi exposto a situações como violência, abuso e discriminação no passado; e quem vive só, isolado da sociedade.

E o que podemos fazer quando uma pessoa querida manifesta desejo em tirar a própria vida? Primeiro, é preciso encontrar um momento adequado e um local tranquilo para conversar sobre suicídio com essa pessoa com quem estamos preocupados. Devemos deixá-la saber que estamos ali para ouvi-la.

Em segundo lugar, encoraje essa pessoa a procurar ajuda profissional, seja na Psicologia ou Psiquiatria, seja com assistentes sociais ou com quem trabalha com aconselhamento. Você pode se oferecer para acompanhá-la à consulta.

Se você acha que a pessoa pode estar em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de serviços de emergência (em Pernambuco, a emergência psiquiátrica funciona no Hospital Ulysses Pernambucano), de profissionais de saúde de sua confiança ou mesmo de membros da família. Outro serviço que pode ser acionado é o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do telefone 188 (vale em todo o Brasil) ou do site. O CVV oferece apoio emocional para prevenção do suicídio, de forma gratuita, a todos que querem e precisam conversar. Funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Se a pessoa em questão vive com você, garanta que ela não tenha acesso a meios de tirar a própria vida. E se vocês não vivem juntos, esteja sempre em contato para checar como ela está indo.

Por fim, esteja atente aos seus próprios sentimentos. Como dissemos acima, conviver com alguém que manifesta pensamentos de tirar a própria vida por ser angustiante. Se perceber que essa angústia está lhe impedindo de ajudar uma outra pessoa da melhor maneira, procure um espaço para falar sobre isso. Para cuidarmos bem do outro, não podemos nos esquecer do nosso autocuidado.

Autor

Dr Rafael de Castro Resende

Dr Rafael de Castro Resende

Acupunturista, Psiquiatra

Especialização em Residência Médica em Psiquiatria no(a) Hospital Ulysses Pernambucano - Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco).