Publicado por Rafael Resende
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Lidando com a perda de uma pessoa querida

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Quando morre uma pessoa querida, o mundo fica diferente. Passamos a viver o luto, sentindo tristeza e pesar diante da perda. Podemos nos sentir entorpecidos, surpresos e com medo. Podemos nos sentir culpados por termos continuado vivos. Podemos até sentir raiva da pessoa que nos deixou, ou da fatalidade que a tirou de nós. E todos esses sentimentos são normais. Não existem regras sobre como devemos nos sentir, nem há certo ou errado nas formas de viver o luto.

Diante de tudo isso, podemos sentir tanto dores físicas como psíquicas. O choro pode vir mais fácil, mas o sono chega com dificuldade. A comida pode parecer não ter o mesmo gosto. Fica mais trabalhoso manter a concentração e tomar decisões.

Além de lidar com a perda, é preciso seguirmos com nossa própria vida, e isso pode ser um trabalho árduo. Algumas pessoas se sentem melhor mais cedo do que esperam, outras podem demorar mais. Família, amigos e a espiritualidade são importantes fontes de apoio. Aconselhamento e psicoterapia também podem ser úteis para algumas pessoas.

Com o passar do tempo, a dor intensa tenderá a diminuir, e haverá dias bons e dias ruins. É importante que a gente não se sinta culpado de rir de uma piada ou de se divertir visitando um amigo. Para algumas pessoas, o luto pode durar tanto que se torna prejudicial à saúde, o que pode ser um sinal de depressão. Converse com seu Psiquiatra, Psicólogo ou profissional da saúde de confiança se a tristeza o impedir de continuar com sua vida diária.

 

O que podemos fazer?

No início, cuidar de detalhes do dia a dia e manter-se ocupado ajuda. Por um tempo, familiares e amigos podem estar por perto para nos ajudar. Mas chegará um momento em que teremos que enfrentar a mudança em nossas vidas.

Cuidar nós mesmos. O luto pode prejudicar nossa saúde. É importante praticar atividade física regularmente, comer alimentos saudáveis ​​e dormir o suficiente. Maus hábitos, como beber muito álcool ou fumar, podem colocar nossa saúde em risco.

Tentar comer bem. Algumas pessoas perdem o interesse em cozinhar e comer quando perdem uma pessoa querida. Almoçar com amigos pode ajudar. Às vezes, comer sozinho em casa pode parecer muito solitário, e ligar o rádio ou a TV durante as refeições pode ajudar.

Conversar com amigos. É importante que nossa família e amigos saibam quando quisermos falar sobre a perda. Eles também podem estar sofrendo e podem acolher a chance de compartilhar lembranças. Quando possível e necessário, também devemos aceitar quando eles nos oferecerem sua ajuda e companhia.

Dedicar-se à espiritualidade. Muitas pessoas que estão sofrendo encontram conforto em sua espiritualidade, independentemente do vínculo com alguma religião. Orar, conversar com outras pessoas que compartilham de nossas ideias, ler textos religiosos ou espirituais ou ouvir músicas relacionadas também pode trazer conforto.

Tentar não fazer grandes mudanças. É uma boa ideia esperar um pouco antes de tomar grandes decisões, como mudar-se de casa ou de emprego.

Consultar um profissional da saúde. Devemos manter as consultas habituais com um profissional de confiança. Se já faz um tempo desde a última ida a um serviço de saúde, talvez seja interessante marcar uma consulta. É importante falar sobre quaisquer novos problemas de saúde que possam ser motivo de preocupação e se estamos tendo problemas para cuidar das atividades diárias.

Não ter medo de procurar ajuda profissional. Às vezes, a psicoterapia ou o acompanhamento psiquiátrico de curta duração podem ajudar.

Lembrar que outras pessoas também estão sofrendo. Levará algum tempo para que toda a família se adapte à vida sem a pessoa que se foi. Isso pode fazer com que o relacionamento entre os membros da família fique diferente. Uma comunicação aberta e honesta é importante.

Reconhecer que o luto leva tempo. Por fim, devemos ter sempre em mente que o luto é com frequência um processo natural. Não é um adoecimento nem um transtorno, portanto não precisa ser medicado. É importante que ele seja vivido de fato para que possamos seguir em frente.

Autor

Dr Rafael de Castro Resende

Dr Rafael de Castro Resende

Acupunturista, Psiquiatra

Especialização em Residência Médica em Psiquiatria no(a) Hospital Ulysses Pernambucano - Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco).