Publicado por Rafael Resende
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Remédios naturais para depressão funcionam?

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Em primeiro lugar, é preciso dizer que os chamados remédios naturais para a depressão não substituem a avaliação médica e o tratamento convencional, caso indicado. Em segundo lugar, ser natural não significa que é necessariamente seguro.

No entanto, para algumas pessoas, certos suplementos de ervas e dietéticos parecem funcionar. Ainda são necessários mais estudos para determinar quais são realmente eficazes e quais os seus possíveis efeitos adversos. Abaixo, listo alguns desses suplementos:

Erva de São João. É um composto natural que, apesar de ser vendido como um tratamento para a depressão, não é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Embora haja relatos de que pode ser útil para casos leves a moderados, é preciso usá-lo com cautela. A erva de São João pode interagir com muitos medicamentos, incluindo anticoagulantes, anticoncepcionais, quimioterápicos, antivirais (incluindo os usados no tratamento da infecção pelo HIV) e imunossupressores (usados por exemplo para prevenir a rejeição de órgãos após um transplante). Além disso, a erva de São João não deve ser tomada com antidepressivos – a combinação pode causar efeitos adversos graves.

SAMe. É a abreviação de S-adenosilmetionina, forma sintética de uma substância química que ocorre naturalmente no nosso corpo. Também não é um suplemento aprovado pela Anvisa para o tratamento de depressão e, em doses mais altas, pode causar náuseas e constipação intestinal. Assim como acontece com a erva de São João, o uso combinado com antidepressivos pode levar a efeitos adversos graves. Ele pode ainda desencadear um episódio de mania em pessoas com transtorno bipolar (o que também é possível com os antidepressivos convencionais), por isso o acompanhamento médico é fundamental.

Ômega-3. É um lipídio encontrado em peixes de água fria (como salmão e sardinha), linhaça, nozes e alguns outros alimentos. Os suplementos de ômega-3 parecem ser benéficos para a saúde cardiovascular e têm sido estudados no tratamento da depressão, incluindo os quadros depressivos que ocorrem no transtorno bipolar. Embora sejam considerados seguros, esses suplementos podem interagir com outras medicações em doses altas, e mais pesquisas são necessárias para determinar se eles têm de fato um efeito para prevenir ou tratar a depressão.

Açafrão. O extrato de açafrão pode melhorar os sintomas da depressão, mas mais estudos são necessários. Doses altas podem causar efeitos adversos significativos.

5-HTP. O suplemento chamado 5-hidroxitriptofano, também conhecido como 5-HTP, pode desempenhar um papel nos níveis de serotonina, substância química que afeta o humor. As evidências são apenas preliminares e mais pesquisas são necessárias. Há dúvidas se o uso de 5-HTP poderia causar uma condição neurológica grave, mas a ligação não está clara. Outra preocupação é a possibilidade de o 5-HTP, se tomado junto com antidepressivos convencionais, aumentar o risco de síndrome serotoninérgica – uma reação adversa grave.

DHEA. A desidroepiandrosterona, também chamada de DHEA, é um hormônio naturalmente produzido por nosso corpo. Mudanças nos níveis de DHEA têm sido associadas à depressão. Vários estudos preliminares mostram melhora nesse quadro ao se tomar DHEA como suplemento dietético, mas mais pesquisas são necessárias. Embora geralmente seja bem tolerado, o DHEA tem efeitos adversos potencialmente graves, especialmente se usado em altas doses ou em longo prazo. O DHEA derivado da soja ou inhame não é eficaz.

Esses suplementos não são monitorados pela Anvisa (e outros órgãos regulatórios) da mesma forma que os medicamentos convencionais. Assim, nem sempre podemos ter certeza se o que estamos tomando é seguro. Além disso, como alguns desses suplementos podem interagir com outras medicações ou levar a efeitos adversos perigosos, converse com seu médico antes de tomar qualquer um deles.

Autor

Dr Rafael de Castro Resende

Dr Rafael de Castro Resende

Acupunturista, Psiquiatra

Especialização em Residência Médica em Psiquiatria no(a) Hospital Ulysses Pernambucano - Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco).